A procura por parte dos consumidores por produtos mais sustentáveis aumentou significativamente, o que faz com que os produtores produzam de forma sustentável. Esta mudança de paradigma é importante, porque a agricultura contribui para aumentar a suscetibilidade dos ecossistema e do planeta em geral, devido a: poluição e degradação dos solos, perda de fertilidade, salinização dos solos, poluição e uso excessivo dos recursos hídricos e consequentemente redução dos aquíferos e redução da biodiversidade (Castellanos et al., 2020; Gonçalves, 2005). Os biopreparados agroecológicos podem ser a resposta a estes desafios, por serem produtos artesanais, geralmente, fabricados a partir de produtos naturais de qualidade, podendo ser aplicados como bioestimulantes ou de forma preventiva ou interventiva a pragas e/ou doenças.

O projeto RESTORE

O projeto RESTORE – biopReparados Em SisTemas prOdução agRoEcológicos (Projeto UIDB/00681/2020) consistiu: na aplicação de inquéritos a agricultores portugueses para se conhecerem biopreparados em uso e no estudo e na análise de seis biopreparados, em termos de análise físico-química, composição fenólica, atividade antioxidante, atividade antimicrobiana e em viveiros de alface (Lactuca sativa L.) como bioestimulantes a partir da germinação, para posterior avaliação física e da biomassa. Em viveiro, usou-se como controlo do ensaio a água. Os biopreparados em estudo foram: vinagre de figo-da-Índia, vinagre de beldroega, sumo fermentado de laranja, extrato de alho, infusão de urtiga e decocção de cavalinha. O extrato de alho foi o melhor, em média, nos ensaios de crescimento da planta. Para a fase de desenvolvimento da quinta folha expandida, altura em que se colheram as plântulas de alface, o uso de biopreparados, comparativamente ao uso somente de água, não é significativo e não poderá não compensar para agricultores e/ou viveiristas. É necessário que se continue a estudar estes e outros biopreparados para melhor sistematizar a informação e para a comprovação de resultados percecionados, ou não, pelos agricultores na prática agrícola e é necessário que cada vez mais se façam este tipo de estudos em Portugal, abrindo portas a novos caminhos na agricultura, na proteção dos territórios, dos recursos naturais e das pessoas.

Autoria: Joana Simões, Daniela V. T. A. Costa, Helena E. Correia, António Pinto, Dulcineia Wessel, Fernanda Delgado, João P. Carneiro, Carmo Horta, Kiril Bahcevandziev, Maria M. B. Vidal, Olga M. S. Filipe, Cristina Amaro da Costa

Agradecimentos:

Os autores agradecem o apoio financeiro dos fundos nacionais ao Centro de Estudos de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade (CERNAS) [projeto UIDB/00681/2020] financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), PT (FCT/MCTES, Fundação para a Ciência e Tecnologia e Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), ao LAQV-REQUIMTE através dos projetos UIDB/50006/2020 e UIDP/50006/2020 e ao CITAB (FCT UIDB/04033/2020).

Referências bibliográficas:

Castellanos, L., Baldovino, A., Céspedes, N., & Rivera, X. (2020). Biopreparados para el control de enfermedades foliares de fresa, Pamplona, Columbia, aun una solución parcial. Journal of Negative e No Positive Results, 5(9), 933–951. https://doi.org/10.19230/jonnpr.3419

Gonçalves, M. S. (2005). Gestão de Resíduos Orgânicos (1a). Sociedade Portuguesa de Inovação

Lira, A. I. (2011). Manual de Biopreparados para la Agricultura Ecológica.

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