No Dia da Floresta Autóctone, 23 de novembro, a Quercus e a LandraTech apresentaram cinco medidas para valorizar a fileira da bolota, como alimento, e as árvores nativas do género Quercus.

Ambas as entidades destacam a importância na valorização da bolota na alimentação humana, para a conservação e regeneração das plantas do género Quercus (onde se incluem as azinheiras, os sobreiros e várias espécies de carvalhos) e bosques autóctones.

Do extremo ocidental da Eurásia à América do Norte e Central, existem referências ao consumo de bolota por inúmeras culturas. Em Portugal, o seu consumo vem referido em fontes escritas desde o período romano, mas os vestígios arqueológicos mostram-nos que o seu papel como recurso alimentar remonta a muitos milénios antes. E são precisamente as espécies do género Quercus que dominam o bosque autóctone nacional. Cerca de 36% da área florestal é coberta por quercíneas, tendo a espécie Quercus suber (sobreiro) o estatuto de árvore nacional por ser a espécie com maior distribuição pelo território continental, para além da sua importância a vários níveis, como a nível económico com a fileira da cortiça.

As cinco medidas apresentadas para valorizar a bolota para alimentação humana são as seguintes:

• Os produtos de bolota deviam ter IVA reduzido (6%). Atualmente, a taxa de IVA que se pode praticar (23%) na farinha e bolota descascada compromete a competição com outros produtos alimentares semelhantes.

•  Certificação para uso alimentar da bolota. Apenas a bolota de Quercus rotundifolia (azinheira) está listada na EFSA (Agência Europeia de Segurança Alimentar / European Food Security Agencie) para consumo humano como farinha (1). A bolota de Q. robur (carvalho alvarinho) está listada apenas como suplemento alimentar pela EFSA (2). Outras espécies relevantes como Q. coccifera (carrasco) e Q. suber (sobreiro) estão listadas apenas como suplemento alimentar em Itália (3).

•  Apoio na identificação de certificações relevantes, e que seja possível implementar, para a valorização dos produtos de bolota de espécies autóctones no mercado, e sensibilização junto dos proprietários florestais para as vantagens da sua implementação. Nomeadamente “produção biológica”, “gluten-free”, “quilómetro zero”. E outras relacionadas com a origem (produto português) ou com a gestão sustentável/regenerativa da floresta.

•  Investimento em projetos que visem estudar os ciclos de produção da bolota das espécies de quercíneas endémicas mais representativas da nossa flora (anos de safra e contra-safra) e a sua relação com os ciclos climáticos, a otimização do processo da apanha de bolota, visando a simplicidade e eficácia, bem como tecnologias para conservação da bolota prevendo os anos de abundância e escassez.

•  Promover ações de sensibilização e formação, adequadas a cada tipo de povoamento de quercíneas, que permitam aos gestores de áreas florestais que o façam de forma adequada, de forma a gerar bosques mais produtivos, mais resistentes a pragas e fogos florestais e mais acessíveis para ações de apanha.